MULHERES INTERCULTURAIS: a magia da bondade e da confiança

Gabriela Ribeiro      sexta-feira, 8 de março de 2019

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“Se você é diferente de mim, minha irmã, longe de me machucar, você me enriquece." Antoine de Saint-Exupery 

 

Hoje é dia de celebrar as mulheres ✨♥️

 

E celebro também a diversidade que há entre nós! A possibilidade de nos relacionarmos através da colaboração e inspiração, mesmo sendo muito diferentes e únicas.

 

Hoje, lembrei do dia em que desembarquei no Marrocos e peguei um trem de Casablanca para Fez, onde conheci uma bela mulher marroquina que me ajudou a fazer uma baldeação que precisava ser feita, em um curto espaço de tempo, e eu não sabia que era preciso fazer. Ela se chama Farah e estava muito bonita naquele dia vestindo um lenço azul na cabeça.

 

Era outubro de 2016 e eu estava indo ao encontro dos meus colegas do mestrado para termos uma semana de aula na universidade e vivermos dias de imersão na cultura marroquina.  Eu amo o Marrocos e estava muito realizada por estar naquelas terras novamente.  Estar lá é sempre mágico, desafiador, instigante e encantador.  É intenso e eu amo isso.

 

 

 

Quando eu entrei no trem, o único lugar disponível era do lado da Farah, que no mesmo instante iniciou uma conversa em árabe comigo. Meu coração sorriu. O destino mais uma vez me presenteava com uma experiência intercultural das boas.

 

Quem já leu meu texto sobre os ANJOS DOS VIAJANTES sabe que eu tive um encontro muito especial com uma senhora marroquina que me me protegeu e guiou em um momento que eu nem imaginava que precisava daquela ajuda. Isso aconteceu na minha primeira vez no país em setembro de 2005 e no trajeto de um trem noturno de Tânger para Marrakesh. Algumas amigas e eu estávamos numa situação vulnerável de perigo e aquela senhora agiu como uma guardiã.

 

O que esses encontros tiveram em comum além de ambos terem acontecido durante um trajeto de trem naquele país?

 

Eu fui ajudada, sem pedir, por mulheres marroquinas que não falavam meu idioma e eram completamente diferentes de mim. Ambas foram atentas em reconhecer que eu precisava de ajuda e bondosas em me pegar pela mão (literalmente) e dedicarem horas do seu dia  para fazer a diferença na vida de outra mulher.

 

No caso da Farah, estivemos juntas durante, aproximadamente, 4 horas. Durante esse tempo ela me contou quantos filhos tinha, onde estava e para onde estava indo, me contou sobre festas, uma amiga que tinha sido pedida em casamento de uma forma super romântica, me mostrou conversas do seu WhatsApp e muitas fotos. Entre outras informações que ela quis dividir comigo sobre a sua vida. Ah, e me disse que eu precisava trocar de trem rapidinho, mas não tinha problema, pois ela me acompanharia. Eu contei que estava indo estudar em Fez, que morava em Floripa, mostrei a minha casa, falei que amava o seu país, apreciava muitas características da sua cultura e quanto o som árabe seduz os meus ouvidos.

 

 

Lembrando que não falávamos o mesmo idioma. Ela falava árabe e eu inglês, na tentativa de ser entendida. E nos entendemos. Não pelas palavras, e nenhuma outra variável linguística ou racional. Não foi necessário, pois foi de coração para coração mesmo. Foi a partir da boa vontade, beleza no olhar e nos ouvidos dispostos a escutar de verdade uma a outra. E foi tão bonito.

 

Legal, né?! Um VIVA às mulheres que escolhem colaborar e enriquecer umas as outras, apesar da diferença. Assim construímos um mundo onde vale a pena confiar e dar as mãos sempre que preciso.

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Gabriela Ribeiro Psicóloga e Treinadora Intercultural

Gabriela Ribeiro

 

Sou psicóloga e treinadora intercultural apaixonada e curiosa por esse planeta, por diferentes culturas e migrações. Paixão que me leva a desbravar diferentes lugares e formas de viver - e sentir na pele as dores e delícias da vida no exterior. Atualmente vivo em Londres, já morei na Nova Zelândia, fiz um mestrado em Comunicação Intercultural na Suiça e estive em 31 países.  Há 12 anos entendi que a minha missão é ajudar as pessoas a serem felizes longe de casa. Ou melhor, é ajudá-las a se sentirem em casa  em qualquer lugar do mundo, convivendo com a diversidade cultural e sendo o melhor que puderem ser. Para si e para os outros.